“Reencontro”- Trio Quintina e Convidados

Em Abril de 2021, o Trio Quintina realiza o lançamento do álbum digital “Reencontro”, registro do show inédito intitulado “Despedida”, realizado no Teatro Paiol em 2018. Serão realizadas quatro lives, em formato de bate-papo e apresentação de algumas músicas, para promover o Projeto que foi aprovado no edital nº 038/2020 da Lei Aldir Blanc. Em cada live será abordado um tema diferente, referente a um trabalho do Trio e com a participação de convidados que fizeram parte desses trabalhos quando da sua execução.

Os temas são:

“PROJETO REALIZADO COM RECURSOS DO PROGRAMA DE APOIO E INCENTIVO À CULTURA – FUNDAÇÃO CULTURAL DE CURITIBA, DA PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA E DO MINISTÉRIO DO TURISMO.”

Histórias das Músicas – Direção

Autoria Gabriel Schwartz, Gustavo Schwartz e Fabiano Silveira

Esta foi uma letra escrita de uma só vez, como se fosse psicografada, durante uma aula de Física na Faculdade de Agronomia – UFPR, em 1998, onde estudávamos eu e o Tiziu. O mais impressionante é que depois o Tiziu chegou com uma melodia pronta para eu colocar uma letra e a métrica era perfeita para a letra ‘psicografada’!

Uma dessas coisas que a gente não explica! Depois chegou o Gustavo no ensaio e terminamos a segunda parte juntos!

Gabriel

Histórias das Músicas – Amiga

Autoria Gabriel Schwartz e Fabiano SilveiraO Tiziu

Uma das minhas músicas preferidas. Lembro que fizemos uma Oficina de Composição de Samba com o grande mestre Nelson Sargento. Num clima de descontração com o sambista, foi proposta a composição de uma música usando duas palavras: “Espreita” e “Vestígios”, e foi a partir delas que eu e o Gabriel, inspirados pela presença sublime de um verdadeiro “Poeta do Morro”, fizemos a letra e a harmonia deste samba canção.”

Fabiano Silveira – O Tiziu

DIÁRIO DE BORDO – Europa 15 anos do Trio

Não passo de um dublê de músico

Ainda assim, no começo deste 2013 em que o Trio Quintina festeja quinze anos de carreira, pude viver com os três rapazes – meus irmãos Gabriel e Gustavo e o Tiziu, que já é da família – uma aventura musical emocionante. Cruzei a ponte do Parlamento, em Londres, puxando um pesado saco com instrumentos e parafernália de palco no justo instante em que o Big Ben soava as doze badaladas de uma meia-noite congelante de março; no porão de um pub em Cambridge, vi uma pequena e embasbacada plateia local delirar de euforia e estranhamento diante de um choro de Jacob do Bandolim e de um samba entoado a plenas vozes: “Joga a chave, meu bem…”; tive a alucinação assustadoramente realista de um aperto de mão com George Harrison no Cavern (voz e sotaque idênticos ao ouvir meus elogios à apresentação de sua banda: “Thanks, mate. Take care”), e dali saímos para a noite fria, meio chuvosa, roucos de tanta cantoria com os Beatles, nós quatro: na intimidade dos apelidos, Bepe, Mógli, Tiziu e Mégui. Um quarteto em Liverpool. 

Foi divertido, para mim, posar de músico em turnê pela Inglaterra – dublê que sou. Mas, na manhã seguinte à noitada no Cavern, derrubado por uma gripe mortal e os já quase dez dias on the road, entreguei os pontos e não saí da cama do hotelzinho meia-boca, bem perto das Docas, onde nos hospedávamos por conta: o esquema oferecido ao Trio não incluía certos luxos. E no entanto, naquela manhã, lá foram os três para o calçadão do centro de Liverpool mandar seus choros e sambas.

Sem regalias, Gabriel, Gustavo e Tiziu, como diria Chico Buarque, vão na estrada há muitos anos. E quem ouvir esta coletânea da carreira do Trio e assistir ao belo presente que a acompanha – um show inédito num cenário soberbo da cidade natal dos rapazes, Curitiba – perceberá, aí, a integridade artística de três músicos de verdade; o talento de compositores que, embora jovens, colecionam várias joias no repertório próprio (para não falar da criatividade com que executam, na noite curitibana e mesmo em CD, o duplo “Ao Vivo Puro”, as canções de outros autores).

À primeira audição, esta seleta do Trio revela uma curiosa alternância entre fases mais animadas, rítmicas, e mais intimistas, melancólicas. Não à toa o critério de seleção e agrupamento das canções seguiu precisamente essa divisão, resultando em coletânea dupla composta por um disco de “lentas” e outro de “rápidas”. Mas percebe-se também uma clivagem na própria sequência dos quatro CDs autorais lançados até agora pelo grupo. Assim, a coletânea de “lentas” traz sobretudo material do primeiro e do terceiro álbuns, respectivamente A Caixinha Mágica (1999) e Pára-Dias de Chuva (2004); no disco de “rápidas”, predominam músicas de Balaio da Menina (2002) e Quintina Orquestra Trio (2009). Completa a seleção uma canção de CYRK (2010), DVD/espetáculo em que os temas, na maior parte, são também composições dos três músicos curitibanos.

Entre as “lentas”, a coletânea parte dos primórdios do Trio, com melodias delicadas de cantigas como “Uma Menina” e “Bruxinha” e letras fantasistas, em geral a cargo de Tiziu & parceiros, especialmente em “Cecília” (uma das mais belamente imaginativas, aqui na ótima versão de CYRK); avança para as baladas de autoria do guitarrista Gustavo, ora em temas francamente românticos, ingênuos à la Jovem Guarda, como “Um Coração”, ora em canções de amor rasgadas, caso de “Culpa”; e aporta na grande destreza musical do multi-instrumentista Gabriel em “Rara Ternura” (em que a destreza é sobretudo vocal), uma versatilidade emepebística que pode acomodar tanto o lado instrumental do aficionado do choro, em “Girassol” e “Vianen”, esta em coautoria com Tiziu, quanto certa faceta mais pop, como nos saborosos versos do refrão de “Ficou no Cais”: “Você vestida de preto é simplesmente linda/Me tira do sério, me deixa a boca aberta/Puxa o tapete no auge dos meus 23/Me dá um tombo, me faz voltar pros 16”.

O CD de “rápidas” é, pode-se dizer, um catálogo das qualidades musicais do Trio: na base, o violão seguro de Tiziu; nos detalhes de arranjo e nos solos, novamente os vastos recursos de Gabriel, um raro virtuose de instrumentos de sopro como a flauta (sua especialidade), o sax e o clarinete – mas o toque particular do som quintino parece ser mesmo a guitarra elétrica de Gustavo (não percam os riffs e solos de “Me Deixe” e “Belo Horizonte”, para ficar em apenas duas das minhas preferidas), também exímio cavaquinista (vide a divertida “Dedinho Nervoso”); a percussão afiada; por fim, a harmonia das vozes, cada uma bastante peculiar, afeita a certo tipo de composição (embora juntas funcionem igualmente muito bem) – e com que propriedade cada um dos compositores canta as próprias canções, o que nem sempre se ouve por aí. 

À variedade de vozes corresponde, portanto, um leque de estilos: Tiziu põe seu timbre suave – a voz mais refinada das três, diga-se – a serviço de melodias idem, temperadas por influência afro em canções mais recentes, como “Aruanda”; Gustavo é um compositor popular que, ao lado das já mencionadas baladas, transita bem no samba de roda e refrão, flertando com o pagode em letras de Martinho da Vila, como a de “A Forca”; Gabriel, por sua vez, compõe com sofisticação, nos passos de mestres da nossa música popular erudita (“Direção”, “Devaneios”). E os três também sabem o que fazem com as palavras, mas seria injusto não mencionar, nesse quesito, coautorias fundamentais de letristas como Helmuth Valesko (“Maldita” e a já citada “Cecília”) e Fabio Rigoni, parceiro de Gabriel em “O Samba é um Direito do Povo” e “Sebastião”, esta um dos destaques do DVD que completa este box comemorativo. 

E o que revela o DVD – registro de apresentação realizada no suntuoso Paço da Liberdade, em plena sala de atos do prédio que, início do século 20, nasceu como prefeitura de Curitiba – é, de novo, variedade. Logo de cara, duas ótimas baladas de Tiziu, de quem, mais adiante, ouvimos as emblemáticas Belo Horizonte/Balão Azul, típicas levadas suas. Em inspirada seleção de repertório, esse show especial traz ainda “Livre Arbítrio”, composição de Gustavo, de par com “Prova de Carinho”, de Adoniran Barbosa, provando, isso sim, que o Trio é também grande intérprete de sambas alheios. E, por fim, nova versão de um dos pontos altos de CYRK: a linda melodia de “Estudo para os Orixás” – ponto alto porque, no espetáculo original de 2010, com sua mistura de música e performance, é o momento em que se eleva sobre a cena um cavaquinho azul que pertenceu a nosso Vô Melim, clarinetista, líder de banda e sobrenome oculto dos irmãos Schwartz (somos, na verdade, Melim Schwartz). No sótão da velha casa, em Lages-SC, ficava trancado o depósito de instrumentos musicais. Menino, um dia espiei ali e vi o mesmo cavaquinho, futura herança; à sombra dela e no sopro do clarinete de noites antigas, meus irmãos se fizeram músicos.

E eu, este terceiro irmão? Infelizmente não passo mesmo de mero dublê. Mas permitam-me saudar, ainda que suspeitíssimo para isso, esta bela amostra da obra em progresso dos três quintinos, feita à base de financiamentos incertos, cachês suados, turnês às vezes mambembes, e por isso mesmo – para além de sua óbvia qualidade musical – ainda mais admirável.

Christian Schwartz

Depoimento – Adriane Perin

Lembro bem a surpresa na primeira vez que ouvi Trio Quintina. Quase a mesma que toma conta de mim, ao voltar a ouvir, depois de tanto tempo, aquele primeiro disco, A Caixinha Mágica. Foi em 2001, ano em que o trio participou da segunda edição do festival Rock de Inverno, lá no auditório Antônio Carlos Kraide. Lembro da gente gravando uma entrevista e os  músicos com aquele jeitão tímido, falando da transição que, de certa forma, alguns deles viviam, entre o rock e a música brasileira, duas vertentes que ajudaram a criar um certo clima meio ‘mutantes’, em algumas faixas.

Como o tempo mostrou, era a música brasileira a rainha ali, de diferentes épocas, com seus sopros e cordas em combinações sofisticadas, costuradas por um bom gosto musical que começava a ser experimentado de forma mais profunda pelos rapazes. Os arranjos, a sonoridade de um brasileirismo bom, jovial, as “brincadeiras” sonoras e a seriedade musical daqueles três jovens chamavam a atenção. Talento, seriedade, tranquilidade e certezas musicais são ingredientes que guiaram o Trio Quintina até esta celebração de 15 anos! Fiel ao caminho traçado lá no começo dos anos 2000, eles seguiram concentrados em seu som, sem se perder nos ruídos que tentam distrair a música dos seus caminhos. Isso merece mesmo uma celebração.

Adriane Perin – Jornalista

Depoimento – Cyro Ridal

…certa vez Quintina me lembrou Quintana…principalmente quando escreveu que um poema é um pobre chocalho de palavras…Se era assim que escrevia Quintana…Quintina seria provavelmente um chocalho de instrumentos em verso…

…quando conheci os protagonistas do Trio nas voltas do programa Ciclojam…eles ainda dialogavam em outros universos…uns mais espaciais que os outros…mas todos com uma bela diversidade de referencias…

…e este ingrediente aliado aos múltiplos talentos…que os fizeram seguir na estrada por quinze anos e honrar o publico com sua música que vem tomando cada vez mais a forma do tempo…

…o tempo enriquece o chocalho da música brasileira e se reflete neste grande trio…então que sigam na estrada…

Cyro Ridal – Diretor de Rádio e Televisão

Depoimento – Luiz Claudio de Oliveira

Trio Quintina – Três em um, em cinco e mais

É comum dizermos que um grupo, de tão entrosado, soa uno, no sentido de formar uma unidade. Assim como também é comum dizermos que um músico sozinho pode soar como uma orquestra. As duas afirmações cabem bem para o curitibano Trio Quintina. São três, mas parecem bem mais. Formam uma cornucópia a despejar sons que se entrelaçam e bailam nos ouvidos como um grande instrumento único, individual e indivisível.

O próprio nome já brinca com essa ideia e ser três, mas ao mesmo tempo ser mais. No início, tocavam cinco instrumentos, agora tocam uns dez. Seria uma minibigband? 

O entrosado trio é uno e abrangente. Brincante, delirante, pensante, extasiante, dançante … O Trio Quintina segue adiante sem dar bola para a rotulagem minimizante. O mínimo com esse trio é máximo, é múltiplo, e nada comum.

Luiz Claudio de Oliveira – Jornalista e Escritor

O TRIO – Gustavo Schwartz

 Gustavo Schwartz – guitarra, cavaquinho, percussão, voz

Autodidata, começou a tocar violão em casa com o auxílio e incentivo do pai, ainda aos 11 anos de idade. Mais tarde, com 13 anos, ganhou uma guitarra e fez algumas aulas com o professor Milton, na escola Clave de Som em Curitiba. As aulas duraram apenas quatro meses, porém foram de fundamental importância para sua formação musical.

Em 1991 formou uma banda de rock com seus irmãos e desenvolveu um trabalho “cover” durante anos em bares de Curitiba e interior do Paraná. Fez aulas de violão com o professor André Egg no Conservatório de MPB de Curitiba por 1 ano (1996) e participou de uma oficina com o guitarrista Nelson Faria. Mais tarde fez aulas de harmonia e improvisação com Luis Otávio Almeida e prática de canto com Suzie Franco. Também estudou piano por 2 anos com a professora Miriam Bonk.

A partir de 1997 derivou para a Música Popular Brasileira formando com seu irmão Gabriel Schwartz e Fabiano Silveira o Trio Quintina, grupo em que atua com a guitarra, o cavaquinho, instrumentos de percussão e arranjos vocais. Com o Trio Quintina gravou e lançou vários CDs e DVDs, além da realização de inúmeros shows, turnês e projetos. Foi também cavaquinista do grupo Jacobloco e fez participações como músico convidado em gravações e shows de outros artistas.

Paralelamente ao trabalho com a música sempre atuou na sua área de formação, a Educação Física, auxiliando na formação de crianças e adolescentes através do esporte, mais especificamente o Futsal.

O TRIO – Gabriel Schwartz

Gabriel Schwartz – flauta, sax, percussão, bateria, e voz. 

Iniciou-se na música estudando violino com a professora Bianca Bianchi, dos oito aos dez anos. Aos catorze anos começou a estudar bateria com o professor Nei Amaral, no mesmo período formou uma banda de rock com seus irmãos Gustavo e Christian e os amigos Francisco Esmanhoto e Alessandro Calderari. 

Formou-se no curso de flauta transversal do Conservatório de MPB de Curitiba com a professora Zélia Brandão em 2001 e no Bacharelado em flauta transversal pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná com o professor Giampiero Pillati em 2002. No final de 2020 completa o seu Mestrado em Composição na Universidade de Montreal – Canada, sob a direção de Ana  Sokolović.

Atuou como regente assistente, flautista, saxofonista e arranjador da orquestra “à Base de Sopro” de 1998 a 2018, fundada pelo maestro Roberto Gnattali e atualmente dirigida por Sérgio Albach, onde teve a oportunidade de dividir o palco com grandes nomes da música tais como Nailor de Azevedo “Proveta”, Léa Freire, Roberto Sion, Toninho Ferraguti, Nelson Ayres, Arrigo Barnabé, Vittor Santos, André Mehmari, Itiberê Zwarg, Laércio de Freitas, Gabriele Mirabassi, Letieres Leite, Egberto Gismonti, entre outros.

Além de atuar no “Trio Quintina” desde 1997, participou de outros grupos como: Clube do Choro de Curitiba, Variedades Contemporâneas, Os Balangandãs, Noël, Black Shoes Project, Pandeirada Brasileira e Orquestra Maria Faceira. 

Em 2018 fez a estreia de sua composição “Concertino Brasileiro para Flauta e Orquestra de Cordas” como solista à frente da Orquestra de Câmara da Cidade de Curitiba. No campo da música de câmara, trabalha frequentemente em parceria com Davi Sartori, Raïff Dantas Barreto e Danilo Koch, com os quais lançou o CD “Entalhe no Tempo” em 2020 e realizou gravações para o CD “Angelus” de André Mehmari em 2012.

https://www.gabrielschwartzmusic.com

O TRIO – Fabiano Silveira O Tiziu

FABIANO SILVEIRA – O TIZIU – violão de 7 cordas e Voz

Iniciou seus estudos de violão erudito na escola Santa Cecília, aos 13 anos  e logo fundou sua banda de rock chamada “Equipe Espacial”, com a qual gravou seu primeiro CD. Pouco depois decidiu se aprofundar na linguagem da música popular brasileira e do violão de 7 cordas com o professor Luciano Lima no Conservatório de MPB de Curitiba. Também participou dos cursos de prática de choro com Sérgio Albach e João Egashira e de oficinas com os violonistas Luiz Otávio Braga e Mauricio Carrilho. Atualmente atua como professor de violão do CMPB. 

Foi membro da Orquestra “à base de Corda” do Conservatório de MPB de Curitiba, tendo participado do primeiro CD do grupo – Antiqüera – ao lado do violeiro Roberto Corrêa. Também com esta orquestra teve a oportunidade de dividir o palco com outros grandes músicos como: Ceumar, Dominguinhos, Joel Nascimento, Zé Renato, Pedro Amorim e Ná Ozzetti. 

Além de fazer parte do Trio Quintina desde a sua formação em 1997, atuou e ainda atua em vários grupos da cena do samba e choro de Curitiba como a  Orquestra Maria Faceira, Trio de Ouro Catuaba Brasil, Regional Curitibano (com João Egashira), Choro F5 (duo com o músico Sérgio Albach) e grupo de samba de terreiro Os Encantados.

Entre seus projetos autorais destacam-se CD “Ectoplasma”, o CD/Livro de partituras ilustrado “ZED” contendo estudos musicais originais para violão e flauta e o projeto Kilânio orquestra de violões com arranjos e composições próprias.

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